Bom e assim começou a minha longa viagem.
Paris, a cidade luz, a cidade que me prometeu muitas dores de cabeça, lagrimas e suor, mas tambem muitas alegrias, surpresas e força de viver!
Aqui cai eu, completamente perdida, nem um GPS me ajudava a localizar e sem saber por onde começar. Mas ficar parada nao era possivel, a doença nao para e nao parou, ela avançava e eu tinha de ser mais rapida que ela se a queria vencer. Assumir as consequencias das minhas decisoes e tentar nao morrer sem conseguir os meus objectivos!
Primeira Etapa : A LINGUA - Ah sim, eu a falar o Frances era como uma porca a falar alemao, nada de nada. Talvez um Bonjour, ça va e ja era muito, e um Aureboire pelo caminho, merci e pardaon. Exactamente como leem, porque a pronuncia, tambem nem ve-la. Mas tinha de aprender, custasse o que custasse e o mais rapido possivel. Muitas horas de televisao Francesa, muitas horas a ouvir conversas entre amigos, muitos conselhos de leitura, livros em Frances ja lidos em portugues (para poder comparar), muita musica francesa com o "Google é nosso amigo" como tradutor e hop ao fim de dois, tres meses estava quase pronta para a etapa seguinte. (Pronta nao estava, ms tive de me atirar ao mar...)
Segunda Etapa : TRABALHO - E sim, queres ser cidada francesa com todos os direitos tens de dar do teu pra receber em troca. Pouco tinha para dar, mas tive de ceder. Levantei-me varias manhas, a distribuir CV's por todo o lado, pegava em qualquer coisa, caixa de supermercado, empregada de mesa, ajudante de loja, qualquer coisa. Mas a lingua ainda nao era perfeita e isso era um grande entrave. Foi um grande impedimento. Ate que recebi um talvez e agarrei-me a esse talvez com toda a força e dei o meu melhor, dei tudo o que tinha e nao tinha e o que deveria ser um trabalho como empregada de restaurante a meio tempo, tornou-se um trabalho de empregada de mesa almoços e jantares e empregada de limpeza nas aberturas do restaurante e nos fechos do mesmo a tempo inteiro. O talvez deu lugar a um sim, mas eu nao aguentei, o meu corpo nao aguentou, a minha saude Fragil, imensamente fragil sem tratamentos nao aguentou. Cai ao fim de dois meses, tive de parar e foi uma das primeiras pedras no caminho. Recuperar devagar, muito devagarinho e pensar "Sera k fiz a melhor escolha?! Vou desistir". E regressei a casa, para o ninho dos meus pais.
E la pensava "Desiludi o meu irmao, nao volto, mas ele deu tanto por mim, nao, nao posso baixar os braços" e regressei à luta!
Terceira Etapa : O DIREITO à CIDADANIA - Trabalhei dois meses, tinha direito à segurança social que me abriria a porta ao hospital e à saude, mas o meu patrao nao foi honesto e bateu-se para nao me dar os meus direitos. Mas eu bati-me mais e consegui. Sim, consegui a segurança social e as portas começaram a abrir novamente. Com este direito ouve outra porta que se abriu, a do trabalho... Consegui um contrato por tempo indefinido, a trabahar na minha area, informatica. O que era perfeito. O dia inteiro atras dum escritorio, sem correr dum lado pro outro com pesos, nem de pe. Foi ouro sobre azul. Ai sim, senti-me segura, segura para enfrentar tudo e todos.
Apesar de nao serem so rosas (sim porque nunca sao so rosas), a verdade é que cada dia que passava eu desenrascava-me melhor e melhor a assumir a minha decisao.
Derradeira Etapa : SAUDE - Ah sim!!! A mais dificil e a tao desejada. Depois do trabalho e dos papeis a dia, o mais importante, a saude... Tive a minha primeira consulta no meu hospital, (primeira consulta oficial), recebida entre sorrisos e bem vindas, fui tao desejada como paciente como eu os desejava como medicos. O encontro perfeito! Sem barreiras, pontos nos Is, exames ate as unhas dos pes, tudo a dia e os tratamentos certinhos. Senti-me em casa, senti-me bem, feliz, realizada.
Sabem aquele sentimento de missao cumprida?! Foi o que senti naquele dia. Finalmente a minha batalha deu frutos. Agora sim, sabia que podia respirar fundo, porque se me faltasse o folego, estava entregue as maos que sempre desejei e se algo corresse mal, a culpa so seria minha porque fui eu que tomei a decisao, fui eu que arrisquei. So podia culpar-me a mim e seguia a minha vontade. Aqui a minha vontade conta!
E isto so ainda agora começou!!! =D